Apesar de todos os meios instituídos atualmente para minimizar a prevalência de lesões cariosas na infância, este problema ainda permanece. Estudo revelou que aos cinco anos, 53,4% das crianças brasileiras tem pelo menos uma experiência de cárie (SB Brasil, 2010). Neste contexto a Odontopediatria, especialidade odontológica que atua em bebês, crianças e adolescentes, busca minimizar este alto índice. Assim como várias áreas da saúde, esta especialidade muito tem evoluído. Baseado nas evidencias científicas atuais, o modelo de atenção preconizado é o da Mínima Intervenção.
E em que consiste este modelo? Envolve desde a prevenção e instalação e recorrência da doença cárie, passando pelo correto diagnóstico de risco e abordagem da lesão cariosa e posteriormente, pela instituição de um tratamento não invasivo para paralização da progressão da doença, até uma abordagem restauradora, removendo o mínimo de tecido saudável e utilizando materiais permanentes. ( ERICSON, 2007).
É realmente uma grande revolução no que se refere ao tratamento da cárie, uma vez que até bem pouco tempo atrás para se remover uma lesão de cárie se fazia necessário uma verdadeira mutilação no dente com utilização de “brocas” invasivas e preparos cavitários extensos, restaurações enormes que muitas vezes se infiltravam e poderiam atingir até mesmo a polpa exigindo nestes casos tratamentos ainda mais complexos, culminando em alguns casos para a perda dentária.
Para prevenção, medidas simples precisam ser tomadas já desde o nascimento: – evitar ou racionalizar o consumo de sacarose, principalmente até os dois anos de idade; – controle do biofilme (placa bacteriana) através da correta escovação e uso do fio dental; – exposição racional ao flúor (uso supervisionado de pastas de dentes com mais de 1000 ppms de flúor desde a erupção do primeiro dentinho). A ação do odontopediatra é também fundamental no controle da placa, dos hábitos alimentares e para aplicação de flúor mais concentrado periodicamente. Segundo Marinho, V.C.C et al, 2003, o gel fluoretado aplicado a cada 6 meses reduz em 21% o incremento de cárie.
Caso as medidas preventivas não forem efetivas para evitar a doença cárie, o entendimento da importância da detecção precoce é muito importante pois poderá viabilizar o tratamento mais precoce possível da lesão cariosa, principalmente das lesões iniciais, evitando assim tratamentos mais invasivos e sofridos para a criança.
Diante desta realidade de uma odontologia cada vez menos invasiva vale ressaltar que a primeira visita ao Odontopediatra deverá ser o mais cedo possível, quando os pais receberão orientações sobre crescimento e desenvolvimento das arcadas, dieta, mastigação, hábitos e prevenção das doenças orais.
Dra. Cláudia Aparecida de Oliveira Machado
Especialista em Odontopediatria / Ortopedia Funcional dos Maxilares / Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular/ Odontologia do Sono
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