Para que haja desenvolvimento craniofacial harmonioso além dos estímulos genéticos, os estímulos externos oferecidos pela respiração, sucção, deglutição e mastigação são fundamentais. Assim sendo, o correto desenvolvimento das arcadas pode ser intensamente influenciado por procedimentos simples que deverão ser adotados desde o nascimento, evitando alterações e deformações dentofaciais na criança.
Na fase inicial do desenvolvimento que corresponde ao período do nascimento até a erupção dos primeiros dentinhos, o aleitamento exclusivamente materno constitui um excelente estímulo. Os movimentos realizados pelo bebê na sucção estimula a correta direção de crescimento dos maxilares, a tonicidade muscular e o desenvolvimento da articulação. Em caso de impedimento do aleitamento natural preferencialmente usar a colher e/ou o copo.
Com o desmame natural deve-se fazer a introdução gradativa de alimentos sólidos com variada textura, sabor e cor, aumentando gradativamente sua consistência, optando por alimentos mais fibrosos que exijam esforço mastigatório. A mastigação deverá ser sempre bilateral alternada, ocorrendo simetria de trabalho muscular e simetria de posições articulares. Assim, a atrição fisiológica entre os dentes durante os movimentos mastigatórios fará com que haja um desgaste natural das superfícies oclusais dos dentes e que a orientação da força gerada pelo trabalho muscular seja adequada e necessária para um desenvolvimento equilibrado. Uma mastigação viciosa unilateral interrompe esta maturação do sistema mastigatório e automaticamente poderá induzir desvios na velocidade e na direção do crescimento do sistema. Estas discrepâncias no crescimento quase sempre provocam maloclusões severas como mordidas cruzadas esqueléticas, bem como disfunções têmporo-mandibulares.
Outro fator altamente prejudicial ao desenvolvimento harmonioso é a respiração preferencial pela boca. Essa condição respiratória inadequada faz com que o paciente desenvolva adaptações funcionais e alterações estruturais: haverá uma adaptação postural crânio-cervical, onde a coluna cervical fica com a inclinação para trás e a cabeça é projetada para frente, para que ela possa respirar. Por sua vez a mandíbula (arcada-inferior ) sofre consequências, havendo uma adaptação postural mandibular, modificando assim o crescimento esqueletal, gerando compensações dento-alveolares que são as MÁS-OCLUSÕES. Assim sendo, quando detectada, a respiração bucal deve ser tratada e controlada por equipe interdisciplinar principalmente o otorrinolaringologista, o dentista Ortopedista Funcional dos Maxilares e o seu tratamento jamais deve ser postergado.
O acompanhamento periódico do desenvolvimento facial com o Odontopediatra também é fundamental para interceptação precoce se necessário.
Dra. Cláudia Aparecida de Oliveira Machado
Especialista em Odontopediatria/ Ortopedia Funcional dos Maxilares
Dor Orofacial e Disfunção Têmporomandibular/Odontologia do Sono
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