A Disfunção Temporomandibular (DTM) e a Enxaqueca são patologias que muitas vezes coexistem. Vários estudos apontam a associação entre ambas. Isto porque se sabe que tanto a Enxaqueca quanto DTM possuem mecanismos fisiopatológicos muito parecidos.
A DTM apresenta um conjunto de sinais e sintomas como dor nas articulações temporomandibulares, limitação dos movimentos da mandíbula e estalidos e/ou dor e cansaço muscular que algumas vezes pode referir para a musculatura da face e pescoço. Apresenta causas multifatoriais, como o estresse e a sobrecarga muscular. A Enxaqueca também é uma doença neurológica com causas multifatoriais.
Um estudo recém-publicado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto concluiu que nos portadores das duas patologias, quanto mais frequente for a enxaqueca (migrânea crônica) mais severos serão os sintomas de DTM. O estudo avaliou 84 mulheres na faixa dos 30 anos. Vinte e uma apresentavam migrânea crônica, 32 migrânea episódica e 32 não tinham migrânea. Foram observadas taxas de prevalência de sinais e sintomas de DTM em 54% das mulheres sem enxaqueca, 80% das mulheres com enxaqueca episódica e em 100% daquelas que apresentavam enxaqueca crônica.
Esta associação entre frequência da Enxaqueca e severidade da DTM pode ser explicada pelos níveis mais elevados de sensibilização desses pacientes. A hipótese é que a Enxaqueca atue como um fator que predispõe à DTM. Por outro lado, a DTM pode ser considerada um fator de perpetuação potencial para a Enxaqueca, pois atua como uma entrada nociceptiva [de recepção de estímulos aversivos] constante que contribui para manter a sensibilização central e os processamentos anormais de dor. Neste sentido, os pesquisadores estimam que embora a DTM não seja a causa da enxaqueca, ela pode facilitar a frequência e severidade de uma nova crise.
Diante de tais resultados, os pesquisadores alertam que pacientes com Enxaqueca devem ter os sinais e sintomas da DTM clinicamente examinados pelo especialista em Dor Orofacial e DTM para que caso haja a coexistência de ambas se faça a abordagem multidisciplinar.
Fonte: Florencio LL et al. Association Between Severity of Temporomandibular Disorders and the Frequency of Headache Attacks in Women With Migraine: A Cross-Sectional Study. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics,Vol 40, n. 4 (May), 2017.
Dra. Cláudia Aparecida de Oliveira Machado
Especialista em Dor Orofacial e Disfunção Temporomandilar/ Odontologia do Sono/ Ortopedia Funcional dos Maxilares e Odontopediatria
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