tratamento-de-dor-cronica

 

       O conceito de dor tem evoluído bastante. Atualmente não podemos mais considerar a dor sob o aspecto mecanicista, no qual obrigatoriamente a dor estaria vinculada unicamente a presença de uma lesão estrutural que quando tratada isentaria a queixa. Um conceito atual muito importante é o que chamamos de dor total no qual se considera que a evidencia de dor demonstrada por uma pessoa não obrigatoriamente pode ser demonstrada somente pela sua dor física, devendo avaliar ainda os seus componentes emocionais, sociais e espirituais. Dentro deste conceito, o tratamento da dor deverá abordar a via da dor, bem como a expressão da dor através do aspecto psicológico do paciente. Deve ser avaliado ainda o controle do sofrimento e as características espirituais. Se este sofrimento não for controlado o comportamento doloroso poderá ter uma repercussão social e cultural. Neste sentido a manifestação da dor poderá vir de vias diferentes sendo muito importante reconhecê-la e abordá-la de forma integrada nestas diferentes vias.

       Assim sendo, torna-se muito difícil mensurarmos a dor pelo fato de que a dor é uma experiência. A partir do momento que o estímulo é aplicado em alguma estrutura, ele passa por vários filtros nos Sistemas Periférico e Central para que então se forme a imagem a qual denominamos de dor. E tudo isto está relacionado com experiências prévias, aspectos genéticos e comportamento. Podemos afirmar então que a dor é a formação de uma imagem em nível cortical que depende de várias etapas. É o produto final que se tem de estímulos e modulação seja ela excitatória ou inibitória.

        Tudo isto vem ao encontro dos conceitos de dor aguda e crônica. Todos necessitamos da dor para sobreviver, a presença dor é um sinal de sobrevivência, de proteção. As dores agudas relacionam a eventos bem conhecidos, recentes e são geralmente facilmente controladas. Entretanto, quando se tem a progressão da dor aguda para dor crônica, se perde a relação entre a magnitude do estímulo e a quantidade de dor experimentada pelo paciente. Os pacientes normalmente apresentam uma série de comorbidades comportamentais, neuronais que realmente dificultam muito a terapia. Então podemos dizer que na dor aguda tratamos a doença e na dor crônica tratamos o paciente.

Dra. Cláudia Aparecida de Oliveira Machado

Especialista em Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular/ Odontopediatria/ Ortopedia Funcional dos Maxilares/ Odontologia do Sono

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