Qual é a associação entre Zumbido e DTM?

O Zumbido pode ser definido como a percepção de som na ausência de um estímulo sonoro externo. Zumbido e Disfunção Têmporomandibular (DTM) são condições que se apresentam comumente juntas;  o zumbido acomete cerca de 52% dos pacientes que apresentam DTM, sendo que até 85% dos pacientes com zumbido apresentam algum subtipo de DTM. Geralmente o Zumbido não apresenta como sintoma único  em um paciente com DTM. Outros sintomas como plenitude auricular (sensação de ouvido tampado), otalgia (dor de ouvido) e vertigem também acometem estes pacientes em cerca de 74%, 55%, e 40% dos casos, respectivamente.

Estudos comprovam que quanto mais severo  o quadro de  dor crônica por DTM mais prevalente o Zumbido , bem como maiores níveis de depressão. Pacientes com zumbido e DTM crônica, apresentam um perfil psicológico mais estressado e com mais incapacidades. O quadro depressivo é capaz de alterar a gravidade, percepção e intensidade tanto da DTM quanto do Zumbido.

Apesar desta forte associação entre zumbido e DTM, isso não caracteriza de maneira alguma uma relação de causa e efeito. O que provavelmente acontece, é que ambas as condições estão vinculadas como comorbidades. Ou seja, são condições mais do que coincidentes em um mesmo indivíduo. Além disso, apresentam uma relação de fator de risco. Quando uma dessas condições está presente, aumenta o risco da outra também aparecer no mesmo indivíduo.

Uma vez identificada a associação clínica do Zumbido e da DTM e excluídas outras causas otológicas primárias por parte de um médico otorrinolaringologista, o tratamento odontológico deve seguir a fim de se controlar os sintomas da própria DTM. Não há evidências científicas que comprovem a eficácia ou não do tratamento conservador para DTM sobre os sintomas otológicos. Assim o enfoque terapêutico deverá ser multidisciplinar, com uma equipe formada no mínimo por um cirurgião dentista especialista em DTM, um otorrinolaringologista e um psicólogo. O objetivo principal do tratamento é atingir a via auditiva e as disfunções musculoesqueléticas concomitantemente e dessa forma aumentar as chances de sucesso.

Fonte: Cadernos SBDOF. Vol 1. Ed. 6.março/2019

 

Dra Cláudia Aparecida de Oliveira Machado

Especialista em Dor Orofacial e DTM/ Odontologia do Sono/ Ortopedia Funcional dos Maxilares/ Odontopediatria

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